Rio de Janeiro - A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) vive em um mundo a parte, um mundo de fantasia. Neste mundo, a FERJ crê que o Campeonato Carioca é sucesso de público e não sofre com déficits na arrecadação. Mas este mundo não existe, como mostrará o Sr. Goool nesta terça-feira. A FERJ, na verdade, voltou a maquiar os borderôs do Estadual do Rio de Janeiro.
Esta é a terceira vez que a FERJ modifica o borderô para deixar com um aspecto mais positivo. Em 2013, o Sr. Goool revelou o desrespeito da entidade para com o Estatuto do Torcedor ao apresentar apenas metade dos borderôs (Relembre aqui!). No ano passado, a FERJ turbinou os boletins financeiros com as cotas de TV (Relembre aqui!). A mesma artimanha foi utilizada na temporada 2015 (Relembre aqui!). Agora, a entidade carioca resolveu agir nas despesas de seus filiados. A FERJ suprimiu diversas despesas dos borderôs e, ainda por cima, voltou a usar as cotas de TV. Tudo para que os clubes não tenham despesas altas e não fiquem com déficits.O problema é que o Sr. Goool, mais uma vez, descobriu tal artimanha. Como veremos, o mundo da fantasia existe apenas nas dependências da FERJ, localizada na Rua Professor Manoel de Abreu, 76. A entidade carioca é comandada por Rubens Lopes, que vive em pé de guerra com os chamados grandes do estado."Foi uma decisão administrativa. Eles nos passaram isso, que era para tirar os custos das cotas de TV e não do lucro dos clubes", informou ao Sr. Goool Saulo Campos responsável pelos borderôs da FERJ.
Mas nos borderôs dos clubes chamados grandes (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco) não há esta manobra vista os documentos oficiais dos pequenos. Em jogos com mando de campo dos grandes, todas as despesas ainda aparecem nos boletins financeiros. "A determinação foi só nos borderôs dos pequenos", revelou Saulo.
Exemplo!
O Macaé recebeu o Nova Iguaçu, no Estádio Cláudio Moacyr, em 8 de fevereiro. O público foi de 900 pagantes e a renda bruta chegou a R$ 9.400,00. Pelo caminho, o Macaé perdeu 10% da taxa obrigatória da FERJ, 5% de INSS, cotas da COOPAFERJ (profissional e Sub-20), 15% de INSS s/ NF COOPAFERJ, despesa operacional, 20% INSS s/ despesa operacional, delegado/ouvidoria, 20% INSS s/ delegado/ouvidoria, transporte (van profissional e Sub-20), taxa de bombeiros, seguro público pagante, confecção venda e pré-venda de ingressos e material expediente. As despesas do Macaé chegaram a R$ 13.472,38, deixando o clube com déficit de R$ - 4.072,38.
Mas no mundo fantasioso da FERJ, tudo é perfeito. Nenhum clube pode ficar no vermelho. Todos os clubes devem ficar no azul. Por isso, os responsáveis pela FERJ tiveram uma grande ideia, pegaram a varinha mágica e transformaram o Cariocão em rentável. Repare nos números a seguir e compare com o exemplo acima.
O mesmo Macaé atuou contra o Bangu no mesmo Cláudio Moacyr, em 21 de março. O público foi de 803 pagantes e a renda bruta chegou a R$ 9.590,00. Tudo no mesmo padrão acima. Mas as despesas "desapareceram". Desta vez, o Macaé desembolsou apenas R$ 2.087,45 com 10% da taxa da FERJ, 5% do INSS, seguro do público presente, confecção venda e pré-venda de ingressos e material expediente. DE 15 itens de despesas, o novo borderô ficou com apenas cinco. No mundo perfeito da FERJ, o Macaé teve renda líquida positiva, de R$ 7.502,55.Apenas a torcida do Parnahyba já pôde comemorar na temporada 2015
Leia a notícia completaMas quer dizer que a FERJ e os clubes desrespeitam o Estatuto do Torcedor ao suprimir tais despesas do borderô? "Estas despesas são mostradas apenas nos jogos contra os grandes", explicou Geraldo Camilo.
O torcedor é enganado ao não saber o total das despesas, os itens de cobranças e as rendas líquidas. A FERJ, em momento algum, informou tais mudanças em seu site oficial. Ao invés disso, a entidade carioca - diariamente - divulga matérias enaltecendo o crescimento do público e as boas rendas líquidas. Um mundo a parte. Um mundo de fantasias.