São Paulo - O técnico Luís Carlos Martins colocou o Oeste no mapa. Foi ele um dos responsáveis pelo inédito acesso à Série B do Campeonato Brasileiro 2012. O clube de Itápolis também garantiu o título da Série C - sua primeira conquista nacional em 91 anos de história.
Neste bate-papo exclusivo com o site Sr. Goool, ele contou sobre suas façanhas no esporte, o início da carreira, os percalços do título e a falta de marketing. "Eu tenho um grande defeito, até sei fazer, mas não faço marketing. Não gosto de aparecer. Gosto de trabalhar. Minha apresentação profissional é meu dia-a-dia, meu trabalho, minha honestidade. Mas hoje, infelizmente, não dá para guardar a bandeira, é preciso pendurar".
O treinador ainda projetou a temporada do Oeste em 2013 e também falou sobre Seleção Brasileira e Luiz Felipe Scolari. "Hoje é preciso deixar o Felipão trabalhar. Ele conhece a Seleção, os jogadores... é preciso dar tempo a ele e a comissão técnica".Luiz Carlos Martins assumiu o Oeste na 14ª rodada da Série C, quando estreou com vitória sobre o Santo André, por 2 a 1. A caminhada até o acesso e o título seguiu com mais cinco triunfos e cinco empates. No mata-mata, o clube paulista ainda desbancou os favoritos Fortaleza e Chapecoense. A campanha do campeão contou com sete triunfos em casa, quatro empates e só uma derrota. O Oeste ainda venceu quatro vezes como visitante, teve outros quatro empates e quatro derrotas.
A temporada 2013, por sua vez, começou com derrota. O Oeste perdeu para o Botafogo, por 2 a 0, em Ribeirão Preto, na primeira rodada do Campeonato Paulista da Série A1. O time de Itápolis voltará a campo, nesta quarta-feira, contra o Palmeiras.
Confira o bate-papo entre o Sr. Goool e o técnico Luiz Carlos Martins:
Feitos!
Entre acessos e títulos tenho 16 conquistas. Procuro trabalhar com simplicidade. O grupo que se cuida bem fora de campo, faz um bom trabalho dentro das quatro linhas. Graças a Deus tenho trabalhado com bons grupos. Equilíbrio e união são peças chaves no nosso trabalho.
Campanha na Série C!
Já trabalhei no Oeste em diversas oportunidades e sempre consegui bons resultados. Quando cheguei, o grupo estava fora do G4 e tomando muitos gols. Mas conseguimos fazer a equipe voltar a vencer, a marcar em cima e a passar a levar poucos gols. Tenho meu esquema definido. Jogo com uma linha de três e os jogadores entenderam isso muito bem.
Desafios!
Jogamos o primeiro mata-mata contra o Fortaleza em casa e empatamos. Alguns fizeram cara feia, mas eu fiquei tranquilo. Jogamos muito mais. O Fortaleza achou o gol. Fomos para o Ceará e jogamos dentro do nosso padrão. Fizemos três, mas poderíamos ter feito mais. A equipe soube assimilar bem e conseguimos a classificação.
Título!
Falo para meus jogadores que aceito a derrota pelo fato de ser profissional, mas gosto mesmo é de vencer. Tem que fazer bem independente do clube. Seja um Oeste, Flamengo ou clube de várzea. Este título foi bom para a minha carreira. É um título nacional. A Série C foi muito difícil. A conquista coroou o trabalho deste grupo. A cidade de Itápolis tem cerca de 40 mil habitantes. O título gerou prestígio para a cidade e região. Foi a única equipe paulista que esteve nas finais do Brasileirão. Mostramos a força do interior.
Marketing!
Eu tenho um grande defeito, até sei fazer, mas não faço marketing. Não gosto de aparecer. Gosto de trabalhar. Minha apresentação profissional é meu dia-a-dia, meu trabalho, minha honestidade. Mas hoje, infelizmente, não dá para guardar a bandeira, é preciso pendurar. Mas a hora certa vai aparecer minha grande chance. Fui auxiliar do Corinthians com o Vadão. Não sou de ser auxiliar. Mas era o Vadão e o Corinthians. Também passei por outros grandes clubes como Bahia, Remo, Portuguesa, São Caetano...
Sonhos!
Falar é muito fácil. Mas tenho, sim, vontade de trabalhar em um grande clube. Por todos os clubes que passei, nunca tive problemas. Tanto é que sempre voltei. As vezes até aparece (propostas), mas como estou empregado, gosto de respeitar contrato. Mas quero uma chance em uma equipe de ponta.
Técnicos!
Algumas Federações liberam os clubes para cobrarem os valores que desejarem
Leia a notícia completaInício!
Eu joguei no Guaçuano por cinco anos e lá tive Ademir Falsetti como padrinho. Certa vez estava jogando no Pinhalense e ele me chamou para ser técnico. O Guaçuano estava para cair. Não aceitei de primeira, afinal nunca tinha sido treinador. Mas ele me convenceu. Pendurei as chuteiras cedo, com 29 anos. A frente do Guaçuano, jogamos o Torneio da Morte, com quatro clubes, sendo que dois cairiam. Consegui salvar o Guaçuano. Daí fui chamado para comandar o Rio Branco, de Andradas. O Falsetti não quis deixar eu sair. Mas o Guaçuano estava bem e eu queria fazer currículo. No Rio Branco consegui subir para a primeira divisão. Peguei gosto e estou até hoje na profissão.
Dificuldades!
Tenho minha personalidade. No começo da carreira, qualquer coisa me irritava. Mas aprendi que comandar, não é mandar. O treinador é funcionário do clube. No começo tinha dificuldade para assimilar isso. Mas hoje estou bem mais tranquilo. Conheço tudo do futebol.
Jogador x técnico!
Nunca passei por isso (jogador derrubar técnico). Não quero acreditar que isso aconteça. Jogador de futebol não derruba técnico. Falo jogador profissional. Aquele que tem caráter, dorme cedo, trabalha duro, é de grupo. Este não derruba técnico. Quem derruba é o malandro. Aquele que vai para a noitada, que se acha dono do mundo, não respeita ninguém. O verdadeiro atleta não derruba técnico.
Paulistão!
Disputei todas as divisões, Série A, Série B, Série C e Série D do Brasileirão. Sou praticamente tri da Série C. Subi com o Santo André, América-RN e Oeste. Mas o Paulistão é bem complicado. Além das grandes equipes, sempre qualificadas, tem o pessoal do interior. Não há moleza. Tem que estar sempre atento. Há jogos quarta e domingo. O grupo precisa ser forte.
2013!
Cheguei a ter propostas de outros clubes, mas estava com a cabeça na Série C. Depois estes clubes se acertaram. Então recebi uma proposta para seguir no Oeste. Mantive a base do time. Queremos fazer um bom Paulista. Em 2011, fui campeão do interior com o Oeste. Falei com meus jogadores, que este é o momento de pensar apenas no Paulistão. Temos que esquecer a Série B. Já conseguimos o acesso no ano passado. Agora, o foco é no Estadual. O Paulistão é bem difícil. No meu comando, a gente não fala em Série B. Só vamos pensar nesta competição após o Paulista.
Interferência!
Nunca tive esse problema (interferência de dirigentes na escalação). Não dou abertura para isso. O treinador é o gerente da firma. Converso, mas é o treinador quem cuida da parte técnica e tática. Se não fosse assim, não precisaria de treinador.
Seleção Brasileira!
Falar de Seleção Brasileira é fácil e difícil. A gente que está de fora, fica muito fácil. Tem gente que taca pedra. Eu não costumo tacar pedra em ninguém. Hoje é preciso deixar o Felipão trabalhar. Ele conhece a Seleção, o Brasil, os jogadores, o torcedor... é preciso dar tempo a ele e a comissão técnica. Deixa ele trabalhar com tranquilidade.