São Paulo - A Federação Paulista de Futebol (FPF), em seu site oficial, lista seis missões de responsabilidade da entidade comandada por Reinaldo Carneiro Bastos. A primeira é "dirigir o futebol do Estado de São Paulo, incentivando sua difusão e aperfeiçoamento, podendo ajudar as entidades de prática desportiva e ligas filiadas a ir ao encontro de sua autossuficiência e de suas necessidades financeiras". Mas o que observa-se não é bem isso. A FPF, na verdade, toma receita dos clubes ao exigir 5% da renda bruta dos seus filiados, além de exigir mais 2% de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo e 1% dos representantes do interior.
Desta forma, a FPF devorou, em 121 jogos do Campeonato Paulista, nada menos do que R$ 3.241.614,04, segundo levantamento do Sr. Goool. Tal receita deveria estar nos cofres dos clubes, mas acabou nas mãos da Federação. A taxa cobrada em competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é de 5%, mas a FPF foi além com o pomposo "Fundo de Valorização e Desenvolvimento do Futebol Paulista".
As duas taxas são cobradas em cima da renda bruta, o que evita a FPF ficar de mãos abanando, já que é comum ter rendas líquidas negativas no futebol nacional. A taxa de 5%, cobrada igualmente a todos os 16 clubes do Paulistão, gerou receita de R$ 2.396.537,39. Só esse montante já seria suficiente para superar as rendas de 13 clubes do Estadual. Mas a entidade paulista ainda exigiu mais 2% dos chamados grandes (R$ 731.538,35) e 1% do pessoal do interior (R$ 113.538,30).Couro da Macaca!
A propalada autossuficiência descrita nas missões da FPF não é observada em um caso bastante simbólico. A Ponte Preta fez história ao chegar à final e ficar com o vice-campeonato. Mas mesmo com a campanha de destaque, a Macaca arrecadou com bilheteria apenas R$ 790.657,41. Detalhe: a Ponte recebeu Corinthians e Palmeiras duas vezes em casa e o Santos em uma oportunidade. Sem falar que três das cinco partidas foram em mata-mata.
Ainda assim, a renda líquida da vice-campeã paulista é quatro vezes inferior a arrecadação da FPF. E tem mais! A Ponte Preta realizou o jogo com o maior déficit do Paulistão. Pela Primeira Fase, a Macaca recebeu o São Bernardo e amargou dívida de R$ - 29.498,29. Ainda assim, a Ponte Preta foi obrigada a repassar 5% da renda bruta (R$ 1.390,75) e 1% do Fundo de Valorização e Desenvolvimento do Futebol Paulista (R$ 278,15).
Maraca foi palco de cinco jogos e ajudou a edição 2017 a superar a média de público do ano passado
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Não pense que é só. O montante da FPF de R$ 3.241.614,04, levando em conta todos os Campeonatos Estaduais, fica abaixo apenas de Palmeiras (R$ 8.771.483,64), Corinthians (R$ 7.742.476,18), São Paulo (R$ 4.523.943,69) e Grêmio (R$ 3.608.574,66). Nenhum outro clube arrecadou mais do que a Federação Paulista de Futebol (FPF).
Para se ter uma ideia, Palmeiras e o campeão Corinthians foram os clubes que mais repassaram à FPF, quase R$ 1 milhão cada. O Alviverde desembolsou R$ 925.637,15, enquanto o Corinthians perdeu R$ 916.225,24. Vice-campeã, a Ponte Preta viu desaparecer R$ 105.087,60. Por fim, o leão da FPF abocanhou R$ 52.719,00 do Ituano, campeão do interior.
O Sr. Goool, na última terça-feira, fez seis questionamentos à FPF. A resposta da entidade chegou no final da manhã desta quarta-feira. Nem todas as perguntas foram respondidas. A FPF, através da assessoria, enviou a nota abaixo.
“O percentual de 5% é aplicado diretamente no fomento do futebol paulista, financiando a organização dos campeonatos como o Paulistão A3, Copa Paulista, Segunda Divisão, passando pelas categorias de base e futebol feminino. Ou seja, em competições que ainda não geram receitas. A verba também é utilizada em ações da FPF, como o projeto social Nosso Sonho, material de apoio em jogos e cursos de gestão para os clubes. Um dos maiores investimentos diz respeito ao incentivo para aumento de público nos estádios do interior, por meio do Programa Futebol Sustentável, que permite a troca de garrafas PET por ingressos. O programa é 100% financiado pela federação (em dois anos, já são quase 1 milhão de torcedores a mais nos estádios e 3 milhões de garrafas tiradas das ruas). Nos dois anos de gestão do presidente Reinaldo Carneiro Bastos, a FPF aumentou em 187% a subvenção aos clubes. Saltou de R$ 7,8 milhões em 2014 para R$ 20,9 milhões em 2016.”