Minas Gerais - Villa Nova e Atlético Mineiro se enfrentarão neste sábado, às 16 horas, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, pela 10ª e penúltima rodada do Campeonato Mineiro. O Villa Nova é de Nova Lima, distante 18 km da capital de Minas Gerais, mas mesmo assim optou por atuar no Mineirão de olho em uma maior arrecadação. O Galo, mesmo mandando seus jogos no Independência, se sente em casa no principal estádio do estado e, com certeza, terá ampla maioria de torcedores. Ainda assim, o fato mencionado não é considerado inversão de mando de campo. Aliás, tal regra só está nos regulamentos, mas quase nunca é respeitada. As Federações e Confederações nada fazem para impedir a inversão de mando de campo.

O § 1º do Art. 13 do Regulamento Geral das Competições, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), menciona o tema em apenas uma frase "não será autorizada a inversão de mando de campo". O Sr. Goool entrou em contato com a entidade, mas não conseguiu ir muito além.

"Inversão de campo é inversão de campo. Mando de campo invertido. O mandante jogar no campo daquele que seria visitante. Qualquer situação diferente dessa passa por análise da Diretoria de Competições", se limitou a explicar a assessoria da entidade. O Sr. Goool enviou mais perguntas, contudo, não obteve respostas.

Cadê?
No Campeonato Paulista, o Corinthians atuou contra o Osasco Audax na casa do rival, mas contou com três quartos das arquibancadas. O mesmo aconteceu com Água Santa e Palmeiras e em outros diversos confrontos entre clubes do interior e da capital. De olho na receita, o novato levou a partida para Presidente Prudente e deu a maior parte do estádio ao rival alviverde.

Por meio da assessoria de imprensa, a Federação Paulista de Futebol (FPF) informou que "este item já não consta mais da nova versão do Regulamento Geral de Competições da FPF". O item em questão é a inversão de mando de campo. O Sr. Goool quis saber o motivo da retirada da regra no Regulamento Geral, o que faria a entidade vetar uma partida por causa de inversão de mando de campo e o que seria considerado inversão de mando de campo, mas a FPF não respondeu a nenhuma destas questões.

Liberado!
No Cariocão a situação é a mesma. Para se ter uma ideia, o Boavista chegou a levar o duelo contra o Vasco para Cariacica, no Espírito Santo. O Gigante da Colina, mesmo sendo visitante, ganhou grande parte das arquibancadas. Mais uma vez, o fato em si não foi considerado inversão de mando de campo. O Volta Redonda, que recebe os grandes em casa, também dá boa parte do espaço a Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, mas nada de inversão de mando de campo.

"A quantidade de torcida não é o que determina o eventual mando, a não ser no caso de grandes jogos. Neste caso a divisão é 50/50 ou 90/10. Caso os clubes, pequeno x grande, por algum motivo, acordarem a alternância (de obrigações) do mando, a FERJ pode liberar", explica a assessoria da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).

No Rio de Janeiro é, quase tudo, liberado. Todos os itens estão no regulamento e com a anuência dos clubes. A FERJ prossegue "os jogos entre pequenos não têm mando de campo real na Primeira Fase: “§ 1º - Terá mando de campo de uma partida, exclusivamente para efeito do cumprimento das obrigações da legislação e do RGC, a associação colocada à esquerda da tabela”. Ou seja, quando há algum problema (laudo, falta de iluminação artificial, adequação da grade de transmissão) o mando de jogo é invertido. Tirando quando há algo de natureza extrema ou adequação da grade de transmissão, são zeradas todas as alternativas até que ocorra a inversão de mando. Jogos entre grande e pequenos não são clássicos e por sua vez não tem mando real", completa a entidade carioca.

X da questão!
De volta ao Campeonato Mineiro, a FMF deixa tudo bem claro no regulamento. E pela primeira vez, uma entidade explica o que é a chamada inversão de mando - que todos sabem da sua existência, mas nunca a viram.

Diz o Art. 37 "na 1ª fase, não será permitida a inversão de mando de campo, ainda que haja pedido ou aceitação dos dois clubes envolvidos.

§ 1º - Por inversão de mando de campo entende-se um clube, constando como mandante na tabela de jogos divulgada, jogar na casa do adversário, e vice versa.

§ 2º - Por casa do adversário entende-se o estádio informado no Conselho Técnico como local de mando de campo (art. 20, caput) e/ou a cidade onde manda seus jogos.

§ 3º - A regra do caput não se aplica aos clássicos, os quais podem ocorrer em quaisquer estádios do Estado de Minas Gerais, bem como não se aplica ao Villa Nova Atlético Clube, na hipótese do art. 20, § 2º".

E o Art. 20, § 2º é assim explicado pela FMF no regulamento do Mineiro: "os clubes decidiram, no Conselho Técnico, que o Villa Nova Atlético Clube poderá, caso assim deseje, jogar suas partidas nos Estádios Independência e/ou Mineirão, em Belo Horizonte, independentemente do adversário. A decisão foi tomada com base em duas principais justificativas, quais sejam, o veto prévio da emissora detentora dos direitos de transmissão ao Estádio Castor Cifuentes e a proximidade da cidade de Nova Lima com Belo Horizonte".

Inversão de mando de campo existe no papel, mas na realidade nenhuma Federação comprova ou pune. Os clubes chamados pequenos, em troca de uma boa receita, aceitam sem problemas atuar em estádios com maioria da torcida rival mesmo sendo mandante. Quando ouvir inversão de mando de campo, duvide!