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Copa do Brasil
Em 12 de janeiro de 2015 às 03:19

De lugar nenhum a lugar algum! Eterno debate entre mata-mata e pontos corridos

Levantamento do Sr. Goool mostrará que os dois formatos são bem parecidos dentro e fora de campo

Rodolfo Brito São Paulo-SP

São Paulo - O futebol brasileiro está de volta à estaca zero. Dirigentes que fracassaram na temporada passada colocaram em pauta o ultrapassado debate entre mata-mata e pontos corridos. O disse me disse para tirar o foco da não classificação à Libertadores ou do rebaixamento à Série B não chegará a lugar algum. Neste levantamento do Sr. Goool, aliás, será possível perceber que pouco muda o fato do Campeonato Brasileiro da Série A ser disputado por mata-mata ou pontos corridos. A única grande diferença é o próprio formato. Nada mais!

Entre 1971 e 2002, o Brasileirão foi realizado com inúmeras fórmulas de disputa. Com ampla predominância do mata-mata. Neste período, o público total da Série A foi de 465.738 torcedores e a média chegou a 14.554 pagantes. A partir de 2003, o Brasileirão passou para os pontos corridos e a média de público se manteve em 14 mil apaixonados (14.218). O público total nos últimos 12 anos alcançou a marca de 170.614 fanáticos.

Sem falar que, em cada um dos formatos, o Brasileirão teve uma edição com média inferior a dez mil pagantes. Em 1979, a média foi de apenas 9.136 torcedores. O desastre nos pontos corridos, por sua vez, aconteceu em 2004 (7.556). A disputa por mata-mata teve seu último grande ano, nas arquibancadas, em 1999. Na oportunidade, o Corinthians se sagrou campeão e a média do Brasileirão chegou a 17.018 pagantes.

O público, a partir deste momento, começou a cair. Nos pontos corridos, o melhor ano aconteceu em 2009, com o título do Flamengo. A média da Série A chegou a 17.807 torcedores. Sem falar que, nas últimas três temporadas, o Brasileirão melhorou a média de público. Se em 2012 o desempenho foi de 13.148 torcedores, em 2013 a média chegou a 14.969 pagantes e no ano passado bateu em 16.537 fanáticos.

Os seis melhores desempenhos nas arquibancadas, porém, são do mata-mata. Mas façanhas conquistadas há tempos. Em 1982, a média de público do Brasileirão foi de 22.953 pagantes. Em 1987 (20.877), 1980 (20.792), 1971 (20.360), 1982 (19.808) e 1984 (18.523) também foram temporadas com estás cheios no futebol brasileiro.

Umbigo!
Nestes debates em que cada um só vê o seu lado, é possível escutar argumentos estarrecedores. Teve engraçadinho que afirmou, na TV, com todas as letras que os dois melhores públicos do Brasil, em 2014, foram conquistados em competições de mata-mata. Logo, o Brasileirão deveria mudar a fórmula de disputa.

 Torcida do Fortaleza fez sua parte, mas nem todos os torcedores estiveram nas arquibancadas da Série C!
De fato, o Fortaleza - no mata-mata da Série C - conseguiu o maior público do Brasil. Na eliminação para o Macaé, o Leão do Pici arrastou 62.525 apaixonados ao Castelão. Mas no mundo coerente e real, se vale o argumento para o maior público - elogiando o mata-mata -, também vale o menor. Não é mesmo?

Na mesma Série C, o Cuiabá levou 19, 50 e 55 pagantes ao estádio. Tudo bem. Alguns vão dizer que estes públicos aconteceram durante a Primeira Fase. Então passamos para o público da final da Série C. O Macaé, com direito a distribuição de ingressos por parte da prefeitura da cidade, levou míseros 6.489 pagantes. No mesmo mata-mata da Série C, o Macaé foi visto por 2.930 torcedores no primeiro jogo contra o Fortaleza. E o que falar também da final da Série D? O Tombense foi campeão diante de 3.086 pagantes.

Vazio!
E lógico que não é só o mata-mata que tem públicos ridículos. Os pontos corridos também produzem jogos desinteressantes. Em 2014, por exemplo, o Brasileirão teve duas partidas com público abaixo de mil pagantes. Atlético Paranaense e Chapecoense atuaram para 766 pagantes, enquanto Figueirense e Bahia se enfrentaram diante de 777 torcedores.

Com o rebaixamento definido, o Vila Nova fez ainda pior na Série B. O clube goiano levou 126 heróis contra o ABC e contou com o apoio de 139 torcedores diante do Paraná. O Oeste, que também brigou contra o rebaixamento, atuou diante de 207 testemunhas no duelo contra o Boa Esporte.

Jogos insignificantes alguns dirão. Então passemos a Copa do Brasil. A final de 2014 teve clássico. Algo raro no torneio nacional, disputado por mata-mata do início ao fim. Mas de 1989 para cá, 19 finais superaram o público de Atlético Mineiro e Cruzeiro, finalistas da Copa do Brasil 2014. O Galo levou 18.578 pagantes ao Independência e a Raposa colocou 39.786 no Mineirão.

 Mesmo no clássico da final da Copa do Brasil - toda em mata-mata -, o público de Atlético e Cruzeiro decepcionou!
Sem falar que, raramente, as médias de público da Copa do Brasil superam dez mil pagantes. A última vez que isso aconteceu foi em 2009 (11.152). Depois, a Copa do Brasil manteve a média abaixo dos dez mil torcedores em 2010 (8.791), 2011 (8.602), 2012 (8.744), 2013 (7.822) e 2014 (8.812).

Em campo...

Mas não é só em público que mata-mata e pontos corridos se parecem. Em campo, a situação também é igual. Nas últimas oito temporadas que antecederam os pontos corridos, por cinco vezes o campeão foi diferente do líder geral. Em 1995, o Santos teve a melhor campanha somando as duas fases de grupos. Mas o Botafogo acabou com o título no mata-mata.

Atual bicampeão e três vezes vencedor nos pontos corridos, o Cruzeiro sofreu duas vezes com o mata-mata. A Raposa foi líder em 1996, mas viu o Grêmio dar a volta olímpica. O mesmo aconteceu em 2000, quando o Vasco abocanhou o título. Em 2001, o Atlético Paranaense foi o campeão, mesmo com a liderança do São Caetano na fase anterior. No ano seguinte - o último do mata-mata -, o São Paulo liderou do início ao fim, mas foi eliminado pelo 8º colocado e que seria campeão, o rival Santos.

Em três oportunidades no mata-mata, porém, o líder geral também prevaleceu na fase final. O Vasco liderou na Primeira Fase de 1997 e ainda se garantiu no mata-mata. O bicampeonato do Corinthians, em 1998 e 1999, também foi conquistado com liderança na Primeira Fase e vitória no mata-mata.

Mesmo com tantos argumentos, tantos dados, o debate não vai acabar. Hoje, os dirigentes que pedem mata-mata vão se calar com um futuro título. Aqueles calados agora, vão querer o debate amanhã. O futebol brasileiro empacou mesmo com a bordoada de 7 a 1. Ao invés de debater uma forma de não gastar mais do que a arrecam, preferem a rivalidade do mata-mata x pontos corridos.

 Para o futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não há motivo para se preocupar com um novo 7 a 1!
Ao invés de debater a falta de oportunidade para os garotos da base, preferem a rivalidade do mata-mata x pontos corridos. Ao invés de debater o motivo para a falta de investimento mesmo com a mesada ganha através da CBF, preferem a rivalidade do mata-mata x pontos corridos. Enquanto o debate não mudar, o futebol brasileiro continuará a receber tijolos na cabeça. Bom, pelo menos para o futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não há motivos para se preocupar com um novo 7 a 1.

"É como você estar andando na rua e cair um tijolo na sua cabeça. Se jogarmos mais dez vezes, 20 vezes contra a Alemanha, não perdemos assim". Simples assim!