São Paulo - O Guaratinguetá, há tempos, já não é mais a alegria do seu torcedor, como diz o hino oficial do clube. A Garça deixou de voar. Nada de asa quebra. Tal qual o petróleo derramado em inúmeros oceanos, o lamaçal que atingiu o clube do interior nos últimos anos impede a ave de alçar voos pelos gramados estaduais e nacionais. Sem conseguir planar, o Tricolor segue em queda livre. Se no Campeonato Paulista o Guará caiu para a Segundona (equivalente a 4ª ou última divisão), no Brasileirão o destino é semelhante com a rebaixamento, neste domingo, para a Série D do Campeonato Brasileiro. O representante paulista, com a derrota para o Macaé (3 a 0), se tornou o primeiro clube degolado, em 2016, nas Séries A, B e C.
O desastre mais recente aconteceu longe de Guaratinguetá. Sem o Estádio Dario Rodrigues Leite, o Tricolor mandou seus jogos em Limeira, no Agostinho Prada, em São Paulo, no Nicolau Alayon, e em Sertãozinho, no Frederico Dalmaso, onde ocorreu o descenso. Diante de tal fato, não causa estranheza que o Guará tenha os cinco piores clubes da divisão, sendo o menor de 18 testemunhas. A média na Série C é de 260 gatos pingados.
Tudo mudou!
Quem vê o Guaratinguetá nesta situação não imagina que o clube já esteve na elite do Estadual mais importante do país e pleiteou uma vaga na Série A do Brasileirão. Fundado em 1º de outubro de 1998, o Guaratinguetá teve uma ascensão meteórica para a alegria dos torcedores da cidade homônima - distante 175 km de São Paulo.
É verdade que, em 2009, o Guará foi rebaixado no Paulistão, mas em compensação subiu para a Série B do Brasileirão. Animado, o Tricolor tratou de voltar para a elite estadual em 2010. Neste ano, o clube entrou em confronto com a prefeitura local, o que levou o Guará a se transferir para Americana e adotar o nome da cidade em 2011.
Volta pra casa!
O namoro, porém, não virou casamento. E pior. Houve novo rompimento. O Americana voltou a ser Guaratinguetá e retornou à sua velha casa em 2012. E a partir deste momento, a Garça começou a perder altitude no voo. Nesta mesma temporada, o Tricolor foi rebaixado à Série A2 Paulista. Sem tempo de se organizar, o clube desceu para Série C em 2013. Dois anos depois, o Guará caiu para a Série A3 Paulista (equivalente a 3ª divisão).
Bagunçado e coberto de lama, o Guaratinguetá percebe que o poço não tem fundo. O Tricolor consegue ser rebaixado para a última divisão estadual no primeiro semestre. No segundo semestre, sem forças, aceita também a queda para a Série D do Brasileirão. Os números da temporada dizem tudo.
O aproveitamento geral do Guaratinguetá, em 2016, é de apenas 22,5%. E não importa se os jogos são em casa (23,5%) ou fora (21,6%), o desempenho é praticamente o mesmo. São apenas cinco vitórias em nove meses de futebol (duas em casa e três fora), oito empates (seis como mandante e dois como visitante) e 21 derrotas (nove diante da torcida e 12 fora), além de 32 gols a favor e 79 contra.Como se tudo isso não bastasse, o Tricolor ainda terá que cumprir tabela nas duas últimas rodadas da Série C. No próximo domingo, 11 de setembro, o Guará enfrentará a também ameaçada Portuguesa, às 19h30, no Estádio do Canindé, em São Paulo, pela 17ª e penúltima rodada do Grupo B.
Se o Guará já não é mais a alegria do torcedor, é hora de tentar fazer valer outras duas partes do hino oficial do clube: "Vamos todos abraçar o nosso clube campeão. (...) Sou Guaratinguetá até morrer...".