Paraná - Não existe sexo frágil para Edina Alves Batista. Em sua profissão, ela precisa ter o mesmo preparo deles. E olha que rola muito machismo em seu trabalho, mesmo em pleno século XXI. Mas ela tira tudo isso de letra e com muita determinação. Edina Alves atua na arbitragem brasileira desde 2001 e, em 2014, trocou a bandeira de assistente pelo apito de árbitra. Como se isso já não fosse um grande feito, ela ainda conquistou o escudo da FIFA na atual temporada.
Edina Alves participou, na semana passada, do Curso RAP para Árbitros de Elite realizado em Águas de Lindóia - distante 163 km de São Paulo. Durante três dias, o grupo de árbitros e assistentes, homens e mulheres, foi submetido a aulas práticas e teóricas com instrutores internacionais e membros da Escola Nacional de Arbitragem de Futebol (ENAF).
"Nosso preparo físico tem que ser igual ao dos homens se você quiser apitar o masculino. Tem que estar pronta. Hoje, os jogadores correm muito mais. A arbitragem feminina evoluiu bastante e estes cursos da CBF nos ajudam bastante. Temos o convívio com outros profissionais, temos a parte técnico e física. É preciso estar sempre focada e com determinação", explicou a árbitra paranaense de Goioerê - cidade distante 530 km de Curitiba.
Primeiro jogo!
E ela já começou a dar os primeiros passos na nova profissão. Edina Alves apitou a goleada do Princesa do Solimões, por 4 a 0, sobre o Baré pela Série D do Campeonato Brasileiro. A árbitra paranaense, assim como a pernambucana Déborah Cecília, encerraram um jejum de 11 anos sem uma mulher no apito em divisões do Brasileirão. A última havia sido Sílvia Regina.
"Foi emocionante. O jogo da minha vida. Só pude agradecer a Deus. Valeu a pena esperar 16 anos para realizar este sonho. Assim como jogador que inicia na base, nós também vamos passo a passo. Existe um começo para tudo. Eu já estava adaptada como assistente e fazia diversos jogos, atuei até na Série A, mas sempre quis ser árbitra. Não me arrependo (de ter mudado de categoria na arbitragem). Arbitragem não é só dinheiro, é amor. Tem que começar do zero. Não tem preço quando você realiza um sonho", diz Edina que integra o quadro estadual desde 2001 e chegou ao quadro nacional em 2007.
A profissão começou de forma despretensiosa. A convite do pai de uma amiga, ela acompanhou um jogo em que ele era assistente. Edina Alves logo se interessou e resolveu fazer um curso. Estudou, conheceu as regras e quando viu já estava bandeirando. Quase como amor à primeira vista. Como todo profissional, ela também tem seus exemplos. O maior deles, um árbitro conhecido de todos aqueles que acompanham futebol."No meu estado tenho o Heber Roberto Lopes como exemplo. Queria trabalhar com ele. Infelizmente não consegui trabalhar ao lado dele. Mas tive o prazer de tê-lo em minha Liga de Futebol em Goioerê. Ele fez duas finais, em 2011 e 2015. Foi um sonho o Heber ter apitado um jogo da minha Liga. Em Goioerê, eu sou a presidente da Liga de Futebol. Ele é um grande profissional. Heber é o cara! Ele é um exemplo para nós, árbitros. Na minha época de assistente também gostava da Ana Paula Oliveira. Ela era o nome na profissão. Os dois serviram de exemplo", comentou Edina Alves que já ganhou um presente da profissão, mas ainda tem muitos outros objetivos pela frente.
"Você não vai acreditar. Graças a arbitragem fiz minha primeira viagem de avião. Foi em 2010 para Porto Alegre em um jogo do feminino. A arbitragem me proporcionou coisas maravilhosas. Também fiz jogos no Sul-americano na Venezuela. A gente trabalha para sempre melhorar. Sou FIFA. Agora, quero trabalhar em Mundial de Clubes, Olimpíadas, Copa do Mundo...".Machismo!
Mas como toda profissão, a arbitragem tem seus problemas. O machismo, por exemplo, está presente na carreira. Edina Alves não vê preconceito da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas sabe que acontece entre dirigentes, jogadores e torcedores.
"Não pode generalizar. O profissional não errou porque é mulher. É preciso separar as coisas. Se há erro da arbitragem feminina, o comentário não é em cima da Maria, da Joana, mas da mulher. Agora, se o masculino erra, os nomes são dados. Erro de João, José. Ninguém generaliza falando que foi erro de um homem. Há preconceito, sim, no futebol, mas na CBF sempre tive apoio. O Alício Pena Júnior nos dá todo apoio, toda estrutura, assim como o Sérgio Corrêa. Tem que trabalhar forte, ter dedicação total para se manter com chances de ser escalado. Tem que ter capacidade para trabalhar. Fazer por merecer a escala", opinou ela que, assim como outros integrantes da arbitragem, é obrigada a fazer jornada dupla, uma vez que a carreira não é profissionalizada.
"Sou dona de uma firma de eventos esportivos em Goioerê. Mas minha paixão é a arbitragem. Quando fiz o curso, tinha 35 homens e apenas quatro mulheres. Sempre quis trabalhar com isso. Tem que fazer o que a gente gosta", finalizou ao Sr. Goool Edina Alves, uma das quatro árbitras brasileiras que estão no quadro atual da FIFA. As outras são Regildenia Holanda, Simone Xavier e Ana Marques.
O Sr. Goool conta com uma ferramenta exclusiva da arbitragem nacional e internacional. A ferramenta de busca traz todos os profissionais de arbitragem que apitaram jogos de campeonatos acompanhados pelo Sr. Goool. Basta digitar o nome do árbitro ou do assistente para ter a relação completa de partidas. Ou ainda é possível procurar a arbitragem através do menu "árbitros por campeonato". Tudo muito simples e fácil. (Clique na imagem abaixo e tenha o sistema de busca da arbitragem!)