Primeira Liga obriga Chapecoense a entrar em campo menos de 24 horas após jogo pelo Catarinense

Santa Catarina - "Este é um assunto tratado com muito cuidado e cautela pela atual diretoria do clube". A Chapecoense, neste momento, prefere evitar a polêmica sobre as diferentes manifestações de clubes e Federações durante e depois da comoção pelo acidente aéreo de 2016. O torcedor, porém, sente, o técnico Vágner Mancini já até reclamou e parte da imprensa acompanha com atenção. Se no primeiro momento o problema era a lista de jogadores oferecidos, agora, a questão é a tabela de jogos. Não por acaso, a Chapecoense será obrigada a entrar em campo nesta quarta e quinta-feira por duas competições diferentes e em cidades, estados e regiões distantes.

O Campeonato Catarinense foi definido em dezembro de 2016 e no dia 15 daquele mês teve a tabela divulgada. Atual campeã estadual, a Chape enfrentará o Avaí nesta quarta-feira, às 20h30, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis, pela 4ª rodada. A Copa da Primeira Liga, por sua vez, divulgou a tabela do seu torneio apenas em janeiro de 2017. Mesmo assim, marcou o jogo entre Cruzeiro e Chapecoense para a mesma quarta-feira, 8 de fevereiro. Após ser confrontada com os fatos, a Primeira Liga fez que tinha entendido o problema do Verdão do Oeste e mudou a partida para quinta-feira, 9 de fevereiro, às 21h45, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

Há dois itens, porém, que a Primeira Liga não explica. Primeiro e já relatado pelo Sr. Goool diz respeito ao mando desta partida. No ápice da comoção, a Primeira Liga garantiu que a Chape faria os três jogos em Chapecó para arrecadar com bilheteria e evitar gastos com viagens. O segundo ponto é que, mesmo sabendo do jogo da Chapecoense pelo Estadual, a entidade não quis alterar sua tabela, sendo que os confrontos da Copa da Primeira Liga são considerados amistosos. Novamente, a Primeira Liga não respondeu aos questionamentos do Sr. Goool.

Na mão da Primeira Liga!
A Federação Catarinense de Futebol (FCF) e a Chapecoense, aliás, tentaram a mudança, mas a Primeira Liga manteve o coração de pedra e não se comoveu com a situação dos jogadores, torcedores e do clube de Chapecó.

"A FCF é filiada à Confederação Brasileira de Futebol e deve respeitar o calendário anual de eventos da mesma. As Federações tiveram 18 datas disponíveis no calendário da CBF para realizar os Campeonatos Estaduais. Não há datas disponíveis para realização da partida do Campeonato Catarinense em outra data", explicou ao Sr. Goool a FCF por meio da assessoria.

"(A Chapecoense) Argumentou com a Liga, mas não houve deferimento para que outra data fosse viabilizada. (A FCF) auxiliou no diálogo com a Liga, mas o pedido não foi acatado. A Chapecoense tem um calendário extremamente competitivo e extenso para a temporada. Argumentar sobre as responsabilidades das instituições é um assunto reservado entre as partes", comentou a assessoria da Chapecoense.

Desrespeito ao RGC!
A Primeira Liga pode ter mudado a partida entre Cruzeiro e Chapecoense, mas o clube catarinense segue sendo obrigado a entrar em campo duas vezes seguidas e em menos de 24 horas. Segundo o Art. 25 do Regulamento Geral das Competições (RGC), "os clubes e atletas profissionais não poderão, como regra geral, disputar partida sem observar o intervalo mínimo de sessenta (60) horas".

O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Santa Catarina (SAPFESC) garante que está tomando as devidas providências, mas ainda assim ameniza o fato de que serão dois times distintos a entrar em campo. O Sindicato, porém, esquece o fato de que o RGC é claro ao falar também da proibição de "clubes" de entrar em campo com menos de 60 horas.

"Já entramos com um mandado de segurança para mudar a data do jogo. É preciso respeitar o tempo de descanso dos jogadores. O clube não me respondeu, mas os atletas da Chapecoense me garantiram que serão dois times em campo. Os jogadores que enfrentarão o Cruzeiro, aliás, já estão em Belo Horizonte. Pretendo ir à Florianópolis para conversar com os jogadores", disse o presidente do SAPFESC, Marcelo Alexandre da Silva Cruz, ao Sr. Goool.

Após esta matéria ir ao ar, André Gelsleichter de Lima - do Departamento Jurísico do SAPFESC - entrou em contato com o Sr. Goool para acrescentar mais algumas informações. Destaque para a falta de punição aos organizadores (Federações e Confederações) dos campeonatos.

"O SAPFESC é totalmente contrário as partidas, já requerendo desde sexta-feira (03/02), a suspensão da partida contra o Cruzeiro, pendente de decisão judicial. (O Art. 25 do Regulamento Geral das Competições) É o embasamento da ação. A punição do CBJD é para a entidade de prática desportiva, e não organizadora do evento. Assim, infelizmente não há punição à FCF ou Primeira Liga", explicou.

Enquanto cada clube, cada Federação vê apenas seu lado, a Chapecoense segue só. A Chape tenta lidar com a dor e a saudade dos entes queridos e ainda é obrigada a encarar a mudança de postura das entidades do futebol brasileiro.

"A Chapecoense cumprirá à risca as determinações da competição. A Chapecoense cumprirá seus compromissos nas duas competições", finalizou a assessoria do clube catarinense ao Sr. Goool.