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Brasileirão Feminino Série A1
Em 14 de março de 2017 às 17:00

CBF escala assistentes em jogos com menos de 24 horas e até em estados diferentes

Esta não é a primeira vez que o Sr. Goool faz tal denúncia e também não é a primeira vez que a CBF foge dos questionamentos

Rodolfo Brito São Paulo-SP

Rio de Janeiro - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou mudanças no Campeonato Brasileiro de futebol feminino - como a criação de duas divisões - e investimentos na categoria - como premiações maiores e custeamento para passagens, hospedagem, alimentação e gastos com jogo -, mas ainda assim a entidade trata a categoria como amadora. Vide a escala de arbitragem da 1ª rodada com assistentes trabalhando em dois jogos seguidos, em intervalo inferior a 24 horas e até mesmo em estados diferentes. Esta não é a primeira vez que o Sr. Goool faz tal denúncia e esta também não é a primeira vez que a CBF foge dos questionamentos.

A assistente Andréa Izaura Mafra Marcelino, por exemplo, esteve na vitória do Nova Iguaçu, por 2 a 1, sobre o Bangu no Estádio Laranjão, no último sábado, pela 1ª rodada da Taça Rio no Campeonato Carioca. A partida, segundo a súmula oficial, começou às 15h30 e foi encerrada às 17h24. Menos de 24 horas depois, ela já estava novamente em campo.

Agora, pela 1ª rodada do Brasileirão Feminino. Andréa Izaura Mafra Marcelino trabalhou no empate, por 1 a 1, entre São José e Ponte Preta no Estádio Martins Pereira, em São José dos Campos. De Nova Iguaçu para São José dos Campos são 309 km e três horas e 45 minutos. O Sr. Goool também entrou em contato com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) e com a Sindicato dos Árbitros Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SAPERJ), mas não obteve respostas.

Jornada dupla!
A gaúcha Luiza Reis foi outra profissional a encarar jornada dupla entre sábado e domingo. A assistente atuou na derrota do Caxias, por 1 a 0, para o Veranópolis no Estádio Centenário, em Caxias do Sul, pela 7ª rodada do Gauchão. Esta partida foi realizada no sábado, às 17 horas. Sem perder tempo, Luiza Reis também trabalhou no domingo, às 15 horas, em Eldorado do Sul na vitória do Grêmio sobre o pernambucano Vitória pelo Brasileirão Feminino. Ou seja, 20 horas depois do primeiro jogo, ela voltou a trabalhar. Não esqueça que é preciso preencher a súmula, chegar ao hotel, comer, dormir, viajar e começar a rotina de preparação para o jogo. Tudo isso em apenas 20 horas.

Repare que mais uma vez, a assistente de arbitragem trabalhou primeiro no futebol masculino e depois no feminino. Nunca ao contrário. Esta era uma das muitas perguntas do Sr. Goool que a CBF não quis responder. Para a entidade, o futebol feminino ainda é amador. Sem falar que no Brasileirão dos homens, um assistente, um árbitro jamais atua em duas partidas seguidas e com intervalo inferior a 24 horas. Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio Grande do Sul (SAFERGS) também não retornaram os contatos do Sr. Goool.

E não foi só! A assistente baiana Daniella Coutinho Pinto, no sábado, atuou na estreia do campeão Flamengo. O Rubro-negro carioca bateu o Vitória, por 3 a 0, no Estádio Barradão, em Salvador pelo Brasileirão Feminino. No domingo, a assistente voltou a campo, em São Francisco do Conde, durante a goleada do Corinthians, por 4 a 0, sobre o São Francisco também pelo Nacional da categoria.

Outro ponto interessante que a CBF não respondeu está no Regulamento Geral das Competições. Diz o Art. 25 "os clubes e atletas profissionais não poderão, como regra geral, disputar partida em competições sem observar o intervalo mínimo de sessenta (60) horas". O mesmo intervalo, como visto, não foi respeitado para a arbitragem.

O Sr. Goool, nos últimos anos, tem denunciado a prática da CBF e de Federações em escalar assistentes e árbitros em jogos seguidos e com intervalo inferior a 24 horas. Houve até caso em que um árbitro FIFA apitou duas finais em menos de 24 horas. As denúncias começaram em 2015. Houve outros casos aqui, aqui, aqui e aqui!