Rio Grande do Sul - Técnicos de todo o país juntam-se para criticar clubes e dirigentes quando um profissional da categoria é demitido em poucos dias, jogos ou rodadas. Sindicato dos Treinadores, parte da torcida e até imprensa engrossam o coro. Mas o que dizer de um comandante que não costuma passar dois anos no mesmo clube e tem o hábito de pular de galho em galho por motivos pessoais, profissionais e financeiros? Técnico da nova geração, Guto Ferreira acertou com o Internacional, na última terça-feira, após 11 meses a frente do Bahia.
O treinador terá a missão de recolocar o Colorado na Série A do Campeonato Brasileiro, justamente o objetivo alcançado na temporada passada pelo Tricolor baiano. Sem vencer há dois jogos, o Inter acumula quatro pontos em três rodadas da Série B. O próximo desafio, o primeiro sob o comando de Guto Ferreira, será no sábado, às 19 horas, contra o Juventude no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pela 4ª rodada.
O torcedor do Inter, porém, não deve apegar-se a Guto Ferreira no banco de reservas do Beira-Rio. Desde que iniciou sua série de conquistas, em 2012, o jovem comandante de Piracicaba, interior de São Paulo, não conseguiu completar sequer um trabalho ou passar, ao menos, dois anos a frente de um mesmo clube, como mostrará o Sr. Goool nesta quarta-feira.
A Ponte Preta aprovou o trabalho de Guto Ferreira no Mogi Mirim e, após o acesso ante o Cianorte, anunciou a contratação do comandante. Guto Ferreira ajudou o clube campineiro a escapar do rebaixamento na Série A ainda em 2012 e até conquistou o Título do Interior pela Macaca no Paulistão em 2013, mas foi demitido durante o Brasileirão. Ele realizou 41 jogos no clube de Campinas (19 vitórias, 11 empates e 11 derrotas).
As duas próximas passagens do treinador foram ainda mais curtas. Na Portuguesa ele ficou entre julho de 2013 e fevereiro de 2014. No Brasileirão de 2013, o comandante livrou a Lusa da degola. No Figueirense a permanência foi ainda menor - entre abril e julho de 2014. Guto Ferreira, contudo, não ficou muito tempo sem clube e acertou o retorno à Ponte Preta. Lá ele voltou a ser feliz com o acesso à Série A do Brasileirão, em 2014, e o Título do Interior, em 2015.Acessos e adeus!
Guto Ferreira, em sua segunda passagem pela Macaca, chegou a ficar 13 meses no clube de Campinas, mas não suportou os sete jogos sem vencer na Série A. No mês seguinte, contudo, ele já estava novamente empregado, desta vez, na Chapecoense. E foi na Chape que ele manteve a sina de não completar trabalhos ou dois anos no mesmo clube.
Se anteriormente Guto Ferreira era vítima de dirigentes, passou a ser algoz de clubes de olho no lado profissional e financeiro. Mesmo bem na Chape, com direito a título catarinense em 2016 e posição de respeito no Brasileirão, ele trocou a elite pela Série B. O projeto financeiro do Bahia seduziu "Gordiola", apelido que ganhou dos torcedores.
Em junho do ano passado, Guto Ferreira saiu do frio sulista da Chape para o calor nordestino do Bahia e, pelo menos, atingiu seu objetivo. Ele levou o Tricolor à elite nacional. Não satisfeito, Guto Ferreira - em 2017 - também encerrou jejum de 15 anos do Bahia sem conquistar a Copa do Nordeste. Mas como o futebol é dinâmico, o Bahia passou de "ladrão" de técnico à vítima. O Internacional repetiu o que os nordestinos haviam feito na temporada passada e contrataram Guto Ferreira.
Em tempos, Guto Ferreira foi contratado pelo Internacional ao lado dos auxiliares André Luís e Alexandre Faganello e do preparador físico Juninho. O contrato será até dezembro de 2017 com possibilidade de renovação por mais um ano. Aos 51 anos, Augusto Sérgio Ferreira já trabalhou no Colorado. O início foi em 1997 nas categorias de base.
Guto Ferreira também dirigiu o time júnior na conquista da Copa São Paulo de 1998 e ainda foi campeão gaúcho com o time principal em 2002. Três anos depois, ele voltou ao Internacional na função de coordenador das categorias de base. Em 2008, Guto Ferreira integrou a comissão técnica do grupo principal e foi auxiliar técnico e observador durante as passagens dos técnicos Tite, Mário Sérgio e Celso Roth. Em 2010, ele foi campeão da Libertadores sendo responsável pela observação dos times adversários.