Santa Carina - O Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, se encheu de torcedores na última quarta-feira, mas não havia jogo. Nenhum daqueles hinchas eram obrigados a estar ali. Não! Jamais será só futebol! Dentro e fora do estádio do Atlético Nacional não haviam apenas torcedores. Pessoas de vários clubes, raças e religiões estavam ali em solidariedade. Compaixão a torcedores, pessoas de outro país. Todos estavam no Atanasio Girardot para rezar e homenagear os 71 mortos do avião LaMia CP-2933, no Cerro El Gordo, em La Unión, cidade da província de Antioquia, que levava o time da Chapecoense para a final da Copa Sul-americana contra o Atlético Nacional.

Futebol, aliás, tem sido a última coisa pensada desde a madrugada de terça-feira. Quem se importa com o título do segundo torneio mais importante da América do Sul? Os dirigentes do Atlético Nacional fizeram questão de comunicar à CONMEBOL, organizadora do torneio, que abriam mão do título em favor da Chapecoense. Queriam e ainda querem que o clube catarinense seja declarado campeão da Copa Sul-americana.

Os torcedores que são movidos por paixão pelos seus clubes do coração também mostraram a grandeza dos seres humanos. "Que lo escuchen / En todo el continente / Siempre recordaremos / Campeon al Chapecoense". Este foi o canto que saiu do Atanasio Girardot, de Medellín e da Colômbia e chegou ao Brasil, a Santa Catarina, a Chapecó e a Arena Condá.

O estádio da Chapecoense, também todo pintado de verde e branco, recebeu milhares de torcedores, milhares de pessoas na última quarta-feira que rezaram, homenagearam e cantaram para seus ídolos, jogadores, heróis, filhos, pais, para todas as pessoas que fizeram o mundo ficar de luto. Sim! Luto e homenagens que tomaram conta do mundo da bola.

#TodosSomosChape
Um minuto para a Chapecoense. Silêncio absoluto nos estádios. Bandeiras do Brasil. Bandeiras da Chape. Gols comemorados com camisas e mensagens para a Chapecoense. Todos são Chape. Momentos em que o futebol deixa de ser só esporte. Solidariedade poucas vezes vistas em um mundo cada vez mais individual. Os sonhadores que queriam apenas o título da Copa Sul-americana conseguiram muito mais. Eles conseguiram um sentimento único que superou as barreiras do futebol e da pequena Chapecó.

Lá de cima, as 71 estrelinhas devem estar orgulhosas. Apesar da dor que todos nós estamos sentindo, eles conseguiram dar uma certa esperança a este mundo. Há solidariedade, há compaixão, há amor até mesmo nestes dias mais sombrios. Eles jamais serão esquecidos, assim como seremos eternamente gratos a cada um que se comoveu, se solidarizou, se enlutou pelo campeões que nos deixaram cedo demais.

Como o amado povo colombiano ensinou em sua bela homenagem "No nos separa nadie. Solidariedad!". e "Uma nova família nasce". #ForçaChape #ForçaChapecoense