São Paulo - O Atlético Nacional, tão logo confirmada a tragédia com o avião da Chapecoense, abriu mão do título da CONMEBOL Sul-americana. Os colombianos abraçaram os brasileiros em um movimento que provou que jamais será só futebol. Mas no esporte, dentro de campo e em uma final, sempre há um vencedor, um campeão. Na noite desta quarta-feira, embalado por sua fanática torcida e por mais homenagens no Atanasio Girardot, mesmo estádio que prestou um lindo tributo às 71 vítimas no ano passado, o Atlético Nacional não deu chances aos brasileiros, reverteu a vantagem ao atropelar a Chapecoense, por 4 a 1, e conquistou o inédito título da Recopa Sul-americana. Dayro Moreno (2) e Ibargüen (2) anotaram os tentos da vitória. Túlio de Melo marcou  o de honra da Chape.

A final, por si só, foi histórica. Alviverdes, Atlético Nacional e Chapecoense se tornaram co-irmãos fora das quatro linhas. Dentro de campo, o El Verde Paisa garantiu o primeiro título da Colômbia na Recopa. O clube de Medellín já havia disputado o torneio em 1990, quando amargou o vice-campeonato ante o Boca Juniors. A Colômbia, agora, tem um título e três vices. O Once Caldas, em 2005, também perdeu para o Boca. Já o tropeço do Santa Fe, na temporada passada, foi ante o River Plate.

O retrospecto histórico da "nova" Recopa também esteve ao lado dos colombianos. Segundo levantamento do Sr. Goool, nas últimas 13 decisões da Recopa, os mandantes do duelo final ficaram com o título nove vezes. O Sr. Goool levou em conta as edições a partir de 2005, quando a Recopa passou a ter partidas de ida e volta. Entre todas estas finais, apenas em 2012 e 2016 houve empate no confronto de ida. Se nove clubes foram campeões em casa, quatro fizeram a festa longe da torcida.

Esta foi a terceira final sul-americana entre Colômbia e Brasil. O Atlético Nacional, aliás, já tinha estado em uma disputa contra brasileiros. Em 1995, os colombianos perderam a final da Libertadores para o Grêmio. O Tricolor venceu, em Porto Alegre, por 3 a 1, e garantiu o troféu, em Medellín, com o 1 a 1. Quatro anos depois na mesma Liberta, a conquista do Palmeiras sobre o Deportivo Cali foi um pouco mais complicada. Cada clube venceu a partida ao lado da torcida e o título só foi decidido nos pênaltis. O Verdão venceu, por 4 a 3.

Campeões!
Hoje, o torneio conta com nove títulos do Brasil, oito da Argentina, dois do Equador e do Paraguai, além de uma conquista de Chile, Peru, Uruguai e, agora, Colômbia. Se o Boca Juniors é o recordista de títulos da Recopa Sul-americana com quatro voltas olímpicas, Internacional, LDU, Olímpia, São Paulo e River Plate somam duas cada. Já Atlético Mineiro, Corinthians, Santos, Cienciano, Cruzeiro, Vélez Sarsfield, Grêmio, Independiente, Colo-Colo, Nacional-URU e Atlético Nacional têm um título cada.

História!

A Recopa surgiu em 1989 com duelos entre os campeões da Libertadores e da Supercopa. Em 1991, o Olímpia venceu as duas competições e foi declarado campeão da Recopa. Mas o mesmo não aconteceu com o São Paulo em 1993. A CONMEBOL indicou o Botafogo - campeão da Copa CONMEBOL - para enfrentar o Tricolor paulista que seria campeão da Recopa. O torneio ficou sem ser disputado entre 1999 e 2002. Com a criação da CONMEBOL Sul-americana, a Recopa voltou com tudo em 2003.

Desde a criação da Sul-americana, em 2002, houve 15 confrontos entre os campeões da América do Sul. Os vencedores da Libertadores conquistaram dez vezes a Recopa, contra cinco dos campeões da CONMEBOL Sul-americana. A vantagem da Libertadores também é vista se for levado em conta todos os duelos da Recopa.

Entre 1989 e 1998, a CONMEBOL tinha a Supercopa. Juntando os campeões da Supercopa e da Sul-americana são 25 edições da Recopa, com 17 vitórias dos campeões da Libertadores e oito dos outros dois torneios.