São Paulo - "O que coloquei, embora esteja no regulamento, é que isso tem uma implicação, uma influência técnica, uma distorção, e foi isso que coloquei na reunião. Isso cabe aos clubes voltarem a discutir melhor no regulamento do ano que vem. Acaba depondo contra o campeonato, e o Paulista é muito respeitado, sério, e quando você traz um jogo para a capital, que seria no interior, acho que tem uma distorção esportiva". O presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, não gostou do Bragantino ter levado o jogo contra o rival Corinthians para o Pacaembu pelas quartas de final do Campeonato Paulista da Série A1. O mandatário até pode estar certo ao condenar a "venda de mando de campo", mas assim como outros dirigentes, ele poderia ser diagnosticado com memória seletiva.
Na estreia do Paulistão de 2015, o Osasco Audax simplesmente alugou o Allianz Parque para jogar contra o próprio Palmeiras. Naquela época, Galiotte - mesmo fora da presidência - não viu problemas no arranjo entre os clubes. O Verdão ainda atuou contra o Oeste, em 2016, em São José do Rio Preto - com maioria alviverde - e em Presidente Prudente contra o Água Santa. Em 2017, foi o Linense que tirou o jogo da sua casa para atuar em Araraquara com maioria palmeirense.
No ano passado, Galiotte também foi contra a venda de mando de campo do Linense, mas com uma pequena diferença no discurso. "Eu enxergo que tem um desequilíbrio, mas a escolha é deles. O Palmeiras tem que pensar no Novorizontino, não tem que opinar sobre outros jogos", disse ele naquela oportunidade.
Outros exemplos!
Calma. Essa cruzada não é só do Palmeiras. O Corinthians, por exemplo, atuou contra o São Caetano, no Paulistão 2018, no Pacaembu. O Azulão, mesmo tendo casa própria, preferiu receitas adicionais para atuar na capital. No ano passado, o Linense já tinha adotado a mesma estratégia vista no caso do Bragantino. O clube de Lins levou o duelo do mata-mata contra o São Paulo para o Morumbi. O Trio de Ferro já esteve na mesma situação, mas os dirigentes nunca lembram de reclamar quando o próprio adversário vende o mando de campo. O Sr. Goool só considerou os confrontos pelo Estadual. Houve casos no Brasileirão.
Clube de Barra do Garças só escapou do descenso após três rivais serem punidos com a perda de pontos
Leia a notícia completaDe um lado há um presidente que esquece do passado em suas declarações, de outro há um mandatário de olho apenas nas finanças e, não, em seu torcedor, e no meio de tudo isso, a FPF.
"Não é inversão de mando, é inversão de local da partida. Ocorreu por dois anos seguidos, quando isso aconteceu ano passado, sentamos para discutir com os clubes. Não é fácil resolver. Se tivéssemos vetado jogar na capital, não teríamos Santos x Corinthians na semana passada, que foi um brilhante jogo. Não é um assunto simples. Mas se proibir, tem de ser para todo mundo. Vamos tratar novamente do assunto. É só os clubes quererem colocar isso no regulamento. Vetar o jogo na cidade do time visitante", disse Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF.
Para lembrar...
Outra polêmica no Paulistão envolvendo os rivais da capital foi vista no início do ano e relembrada após a venda de mando de campo do Bragantino. O atual campeão Corinthians começou a defesa do título com três partidas em casa nos quatro primeiros jogos, sendo o outro duelo no Pacaembu contra o Azulão. O que dirigentes e torcedores não se lembram é que tal situação, pouco usual, foi vista também em estreias de São Paulo, Palmeiras e Santos nos últimos anos.
O Corinthians estreou contra a Ponte Preta (1 a 0) em casa, enfrentou o São Caetano (4 a 0) como visitante e voltou a duelar ao lado da torcida contra Ferroviária (2 a 1) e São Paulo (2 a 1). Em 2017, o Santos já havia vivido o mesmo cenário. O Peixe meteu 6 a 2 no Linense em casa, bateu o Red Bull (3 a 2) fora e tornou a jogar ao lado da torcida contra São Paulo (1 a 3) e Ferroviária (1 a 0).
Dois anos antes, no episódio do Allianz Parque, o Palmeiras estreou como visitante em sua própria casa contra o Osasco Audax e venceu por 3 a 1. Nos três jogos seguintes, o Verdão foi mandante contra Ponte Preta (0 a 1), Corinthians (0 a 1) e Rio Claro (3 a 0). Já o São Paulo começou toda essa epopeia em 2014. O Tricolor perdeu do Bragantino na 1ª rodada, por 1 a 0, em Bragança Paulista. Nas rodadas seguintes, três vitórias em casa contra Mogi Mirim (4 a 0), Oeste (2 a 1) e Rio Claro (6 a 3).