São Paulo - O dicionário não aponta, mas muitos torcedores têm certeza de que Corinthians é sinônimo de sofrimento, corintiano é igual a sofredor. A história do clube paulista está ligada a momentos difíceis. Pergunte a seu pai, a seu avô e conhecerá inúmeras histórias do sofrimento corintiano. Mas o torcedor dos anos 90 e, principalmente, dos anos 2000 não sabe o que é isso. Para estes jovens torcedores, Corinthians virou sinônimo de título.

O jornalismo impõe uma estrutura para matérias cotidianas, mas em certos casos é necessário quebrar este paradigma. Nestes dias alvinegros há espaço para viajar até o passado e contar como aconteceu esta transformação no clube mais popular de São Paulo e o segundo do Brasil.

O Corinthians, para quem não sabe, tem história ligada a operários, a pessoas simples que se encantaram com o inglês Corinthian Casuals durante uma excursão pelo Brasil. Mas a questão do sofrimento corintiano ganha força ao longo dos 22 anos, oito meses e uma semana sem título.

Durante este período, não pense que o Corinthians passou longe dos títulos. Pelo contrário! O clube, porém, sempre bateu na trave, como o Brasileirão de 1976. O fim do sofrimento teve início no gol de Basílio, apelidado de pé de anjo, em 13 de outubro de 1977, quando o Timão voltou a conquistar o Campeonato Paulista. Naquela época, os Estaduais eram as principais competições dos clubes brasileiros.

Novo desafio!
Com o término do jejum de títulos, o Corinthians passou a sofrer com a falta de conquistas nacionais. Afinal, os torcedores sempre cantaram no hino oficial do clube "és do Brasil, o clube mais brasileiro". A primeira conquista, porém, saiu apenas em 1990, ganha em cima do rival São Paulo.

Depois de tirar mais esta "zica", o Alvinegro do Parque São Jorge desembestou a conquistar títulos nacionais com Brasileirão (1998, 1999, 2005, 2011 e 2015 (?!) - qual torcedor mais otimista sonharia com uma vantagem de 11 pontos a cinco rodadas do término da Série A? Ou, quem imaginaria que um time que sofreu tanto para conquistar seu primeiro título nacional teria tamanha facilidade? - e Copa do Brasil (1995, 2002 e 2009).

Entre o jejum de títulos na década de 60 e 70 e entre a seca de conquistas nacionais, o Corinthians ainda enfrentou a gozação dos rivais por causa da bendita Libertadores. Mas até este "probleminha" foi escorraçado do Parque São Jorge. Tite, este mesmo homem que está prestes a ganhar seu segundo Brasileirão pelo Corinthians, foi o responsável pela impensada Libertadores.

Os torcedores mais novos, de fato, não sabem o que é sofrer. Antes do Tolima, existiu muitas outras pedras no sapato corintiano. Algumas pedras estavam até mesmo em campo com a camisa alvinegra ou até nas arquibancadas. Tudo era diferente naquela época. Mas Tite e cia. superaram mais este obstáculo, em 2012, e em grande estilo, de forma invicta.

Tudo certo? De volta ao presente? Não! O sofrimento corintiano ainda passava pela falta de estádio. Se o jovem torcedor soubesse das inúmeras tentativas para levantar uma casa alvinegra... Problema resolvido e, novamente, em grande estilo, sendo palco para a abertura da Copa do Mundo.

Pronto! Chegamos a 2015! É verdade que o ano começou com eliminação para o eterno rival Palmeiras e dentro da Arena Corinthians e queda diante do Guarani, do Paraguai, na Libertadores. Mas isso não chega aos pés do sofrimento do passado. Os mais velhos sabem disso. Hoje, torcer para o Corinthians é fácil.

Não que a torcida deixará de lado o canto "Corintiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus", não que o time não dará suas derrapadas, mas o sinônimo de Corinthians mudou há tempos. Sai o sofrimento e entra a alegria. Saravá, São Jorge!