Alagoas - O "até logo" não terá público, mas será no maior clássico do estado. A assistente Brígida Cirilo Ferreira trabalhará no jogo entre os rivais CRB e CSA pela última rodada da Primeira Fase do Campeonato Alagoano, neste domingo, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, com os portões fechados. Ela dará uma pausa da profissão por causa da gravidez de cinco meses.
O Clássico das Multidões será o oitavo jogo de Brígida em 2017. Ela, além do Estadual, também trabalhou na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil. A suspeita de que estava grávida começou ainda no ano passado antes dos testes físicos para esta temporada.
"Desconfiei da gravidez em dezembro passado. Esperei o teste físico para ter a confirmação. Tinha medo de que pudesse influenciar no resultado. Após o físico, fiz o teste de gravidez e tive certeza. Procurei o preparador físico, o psicólogo e minha médica para fazer o pré-natal. Meu planejamento para esta temporada foi todo em cima da gravidez. Todos os meses levo uma autorização da minha médica à Comissão de Arbitragem da Federação", disse a assistente de Maceió.
Desejos de grávida!
"Até hoje sinto ele chutar, mexer. Nada que interfira no meu trabalho. Tive enjoo só no começo. Também sentia um gosto ruim na boca quando acordava ou comia alguma coisa. Como a gente tem nossa alimentação, nossa dieta para o trabalho, tenho alguns desejos de "gordice" mesmo. Adoro comer chocolate, pizza... Estou aproveitando que a barriga vai crescer, que vou engordar, para comer e matar estes desejos", completa Brígida aos risos.
"Sim. Vou voltar a trabalhar. Meu planejamento é de que o parto aconteça em julho e em outubro, novembro, devo realizar novos testes para voltar a trabalhar", revela a assistente que, se hoje não pensa em largar a profissão, no início nem cogitava trabalhar na arbitragem.
"Cai de paraquedas na profissão. Estava cursando Educação Física quando um colega de classe chamou para um teste. Mas eu recusei. Ele voltou a insistir e, quando abriu a escola de árbitro, resolvi tentar. Eu precisava de pontos para ajudar na faculdade e acreditava que aquilo iria me ajudar. Fiz o curso e não sai mais".
Brígida Cirilo tirou de letra o presente da gravidez e passou por cima dos preconceitos. Agora, ela quer mais na profissão. Além do planejamento de voltar no final da temporada, a assistente sonha com voos mais altos.
"No estádio sempre há preconceito. Sempre há aquele torcedor que se acha no direito de falar o que quer. Mas também sempre tive apoio dos meus colegas de profissão. Acredito que a arbitragem como um todo precisa ser valorizada. As cobranças são altas, profissionais. Então a arbitragem também precisa ser profissional. De qualquer forma, meu sonho é ter reconhecimento. O trabalho é árduo, a dedicação é imensa e espero ter retorno. Eu abraço cada oportunidade. Lógico que o topo de qualquer profissional é o quadro da FIFA. Mas abraço cada partida, quero dar sempre o melhor em qualquer jogo, qualquer divisão", finaliza Brígida Cirilo ao Sr. Goool.
Escola alagoana!
Valores pagos aos clubes do feminino e masculino refletem bem como cada categoria é tratada pela CBF
Leia a notícia completa"Minha esposa também trabalhou grávida. Não há problema algum. Temos documentos da médica da Brígida autorizando a prática esportiva. A médica diz que ela tem totais condições de trabalhar", explica Hércules Martins ao Sr. Goool.
"A arbitragem feminina no geral ainda precisa da confiança de quem comanda. A desconfiança advém do preconceito do nosso país em relação à mulher. Essa cultura também existe no futebol. No Alagoano temos a Brígida na CBF, a Raquel (Ferreira Barbosa) e Ana Paula (dos Santos). Estamos dando espaço", completa.
Ex-presidente da Comissão Nacional de Arbitragem e, hoje, responsável pelos estudos de implementação de árbitros de vídeos, Sérgio Corrêa vê o fato como mais uma forma de quebrar paradigmas na profissão e na arbitragem feminina.
"Opinião sobre trabalho e escala de terceiros não é adequado, pois, devem ter critérios para deliberar sobre este tema. Por outro lado, como o quadro feminino precisa de apoio, tais medidas ajudam e quebram paradigmas para elas. Em 2007, quando estabelecemos que elas deveriam atingir índices masculinos, a previsão e a esperança era que elas fossem aproveitadas. Cumpriram e temos que cumprir. A arbitragem é composta por pessoas que se esforçam e são atacadas por todos os lados. Se são atacadas com tanto esforço que fazemos, qual o motivo de não quebrar paradigmas?", diz Corrêa.
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