Rio Grande do Sul - Carlos Insaurriaga, como todo brasileiro, como todo fã de futebol, como todo ser humano, ficou chocado com a tragédia do avião LaMia CP-2933, no Cerro El Gordo, em La Unión, cidade da província de Antioquia, que vitimou 71 das 77 pessoas. Ao saber do acidente com a delegação da Chapecoense na madrugada de terça-feira, ele inconscientemente voltou a 15 de janeiro de 2009. Há quase oito anos, Insaurriaga viveu sua tragédia pessoal.
"Quando aconteceu isso com a Chape passou um filme na minha cabeça. Por mais que as proporções sejam menores, é muito semelhante. Tivemos as perdas, assim como eles também tiveram. E tivemos que captar todas as forças dos entes queridos e da torcida pra gente seguir em frente", contou ele ao Sr. Goool.
Fotógrafo e assessor de imprensa do Brasil, de Pelotas, Carlos Insaurriaga estava no ônibus que tombou em uma curva no quilômetro 150 da BR-392, próximo ao município de Canguçu, às 23h30, e despencou de um barranco de quase 40 metros. O preparador de goleiros Giovani Guimarães, o zagueiro Régis Gouveia - revelado no clube gaúcho, e atacante uruguaio Cláudio Milar, ídolo da torcida xavante, morreram no acidente. Os outros 31 ocupantes do ônibus ficaram feridos.
"Tive um ferimento no tornozelo. Mas não fratura. Mesmo assim, fiquei quase dois meses andando de muleta", disse Insaurriaga.
"Pela negligência da companhia do ônibus fretado, nunca mais utilizou ela. E desde então sempre primou pela segurança nas viagens", ponderou o assessor do Brasil.
O clube gaúcho, aliás, ganhou um ônibus dos seus torcedores. Os responsáveis pela Associação Cresce, Xavante! - através da Expresso Embaixador - conseguiram um veículo particular para o clube. A contrapartida seria que a torcida mantivesse o ônibus legal perante às leis, assim como efetuasse as devidas manutenções no mesmo. As despesas iniciais foram pagas com a venda de cupons. Os 35 torcedores sorteados seriam contemplados com um city tour no ônibus Xavante.
Torcedores, por sinal, que não esquecem aquele 15 de janeiro de 2009. "Principalmente pela torcida, temos homenagens no estádio", revelou Insaurriaga.
"Tivemos apoio de torcedores e de clubes que nos cederam jogadores. Pensávamos em não entrar em campo. Nossa estreia seria em duas semanas. Não tínhamos jogadores. Mas igual a Chapecoense neste momento, também sofremos pressão. Alguns clubes até quiseram nos dar imunidade de rebaixamento, mas o problema é que nem todos concordaram. Tivemos que jogar", revelou Carlos Insaurriaga ao Sr. Goool.
Como o amado povo colombiano ensinou em sua bela homenagem "No nos separa nadie. Solidariedad!"
Leia a notícia completaSe hoje a Chapecoense é muito bem estruturada e com projeto elogiado por todos, o Brasil - em 2009 - era bastante amador apesar da rica história centenária. O clube de Pelotas, após o acidente, demorou três anos até conseguir se levantar e fortalecer dentro e fora das quatro linhas.
"Como futebol é dinheiro, sempre se buscou a melhor maneira de administrar. Hoje temos uma diretoria que prima pelo profissionalismo. Coisa que antes de 2012 não era tão acentuado. Hoje é diferente. Tanto que desde 2012 é a mesma diretoria", finalizou Carlos Insaurriaga, um dos sobreviventes na tragédia de Pelotas.
Pelotas e Chapecó!
Fundada em 18 de junho de 1758, mas emancipada em 7 de julho de 1812, Pelotas tem 343.651 habitantes e é a terceira cidade mais populosa do estado. A cidade gaúcha está a 257 km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Chapecó, por sua vez, é bem mais nova. Foi fundada em 25 de agosto de 1917 e contabiliza 209.553 habitantes, sendo quinta maior cidade do estado. A cidade catarinense está a 555 km de Florianópolis, capital de Santa Catarina.