Bahia - As Federações do Nordeste, assim como das outras regiões, não dão respiro aos seus filiados. Cinco vão além e exigem dos clubes taxa superior a cobrada em competições organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As entidades de Alagoas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte obrigam seus clubes a "doarem" 8% da renda bruta. A Federação Maranhense de Futebol (FMF) leva 7,5%. Bahia, Piauí e Sergipe mantém a taxa em 5%, enquanto a Paraíba ganha R$ 1.200,00 dos seus clubes a cada partida.

A Federação Cearense de Futebol (FCF), para se ter uma ideia, já faturou mais do que todos os seus dez clubes no Campeonato Estadual. A bolada da entidade, segundo levantamento do Sr. Goool, chega a R$ 106.249,36. O Itapipoca, maior arrecadador do estado, obteve renda de apenas R$ 40.316,82. O Fortaleza, um dos grandes do estado, ostenta arrecadação de R$ 27.427,11 - valor quase quatro vezes menor do que a FCF.

E o que dizer do Ceará? O Vozão amarga déficit de R$ - 41.163,96. Ainda assim, o Alvinegro foi obrigado a abrir mão de R$ 10.666,48. Nenhum outro clube, porém, teve mais dinheiro tomado pela FCF do que o Fortaleza (R$ 44.785,84). Para a Federação Cearense de Futebol (FCF) não há problema na cobrança e a taxa serviria para custear os gastos com competições.

"O futebol cearense tem três divisões de clubes, além da Taça de Fares Lopes. As Séries B e C e a Copa Estadual são subsidiadas. A Federação Cearense também custeia integralmente oito competições de futebol. Além dessas despesas, estamos falando de 400 jogos anuais integralmente custeadas pela Federação (ao custo unitário por volta de R$ 900,00/jogo). A Federação banca arbitragem e bolas para todas essas competições. A Federação ainda fomenta o futebol nas ligas interioranas, dando apoio logístico e financeiro, criando inclusive torneios interligas, formação de árbitros e capacitação", informou ao Sr. Goool Marcos Augusto Costa, Diretor de Gestão, Planejamento e Projetos da FCF, que gostaria até de arrecadar mais à custa dos clubes.

"A Federação Cearense a bem da verdade, gostaria de arrecadar até mais, para realizar muito mais de que tem feito, pois este é o objetivo de uma entidade de administração de esporte. Finalmente, para encerrar, informamos que a Federação Cearense de Futebol não tem nenhum convênio de repasse financeiro com governos, sejam esses estaduais, municipais ou federais, portanto, seus borderôs são reais, e suas receitas e despesas transparentemente também", completou o dirigente.

Anuência dos clubes?
A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) é outra entidade nordestina que abocanha 8% da renda bruta dos seus filiados no Estadual. A FPF já colocou em seus cofres R$ 89.791,28. Se fosse um time, a entidade ocuparia a 5ª colocação no ranking de renda líquida do Pernambucano. Sem falar que a FPF já embolsou mais do que o Salgueiro (R$ 23.670,09), um dos semifinalistas. A Federação, de Evandro Carvalho, contudo, tenta dividir a culpa pela alta taxa com os clubes.

"A taxa é fixada não pela Federação, mas pelos clubes nos conselhos técnicos que se realizam antes de cada uma das competições. Em Pernambuco, antes, havia o programa governamental "Todos com a Nota" que injetava no campeonato, anualmente, R$ 12 milhões. A taxa em questão era 6%. Mas com a extinção do programa, os clubes ampliaram, por unanimidade, a taxa para 8%", argumentou a FPF por meio da assessoria.

"Com a perda da receita governamental tivemos que modificar o modelo do campeonato. Para garantir um calendário mínimo de três meses aos pequenos, a FPF fez a alteração da fórmula, garantindo a participação dos clubes pequenos na receita da TV. Evidentemente os jogos são deficitários, cabendo a FPF arcar com os custos de arbitragem, delegados e etc. Afora isso, a FPF adianta anualmente aos pequenos, já em dezembro, recursos para contratações e inscrições. A FPF é a única a contratar, com seus recursos, os jogadores amadores que se destacam e colocá-los como jogadores nas pequenas equipes. A FPF é a única no Brasil que, há quatro anos, paga seguro de vida de todos os atletas profissionais - exigência da Lei Pelé para clubes profissionais que, em Pernambuco, não arcam com esse custo -, e também paga o mesmo seguro para todos os atletas amadores a partir de 14 anos", completou a entidade pernambucana.

Bolo salgado!

Antes do montante da FPF, há a receita da Federação Paraibana de Futebol (FPF). A entidade da Paraíba tem uma taxa fixa de R$ 1.200,00. Com esta receita garantida, a FPF já amealhou R$ 102.000,00. Nenhuma outra Federação do Nordeste, contudo, garantiu mais renda do que a da Bahia. Com dois clubes no Brasileirão, a Federação Baiana de Futebol (FBF) arrecadou a bagatela de R$ 131.358,40. Como comparação, o Vitória amarga a lanterna com déficit de R$ - 49.082,43. Ainda assim, o Leão repassou R$ 8.796,10 à entidade.

Entre as outras Federações do Nordeste, as entidades potiguar (R$ 82.220,48) e alagoana (R$ 38.938,24) exigem 8% dos seus filiados. A Federação Maranhense de Futebol (FMF) cobra 7,5% e já obteve R$ 35.194,20. Por fim, com taxa de 5%, as Federações do Sergipe e do Piauí colocaram nos cofres R$ 46.933,15 e R$ 12.380,50, respectivamente.

O Sr. Goool também entrou em contato com as outras Federações, mas não tivemos respostas. Queríamos saber o que é feito com esta arrecadação, os motivos da exigência, entre outras questões. Nos últimos dias, o Sr. Goool revelou quanto cada Federação já embolsou à custa dos clubes. (Clique na imagem abaixo e confira o ranking agrupado de público e renda das cinco Federações que mais ganharam dinheiro à custa dos clubes!)

Confira quanto cada Federação do Nordeste arrecadou à custa dos seus clubes:

FEDERAÇÃO	ARRECADAÇÃO
FBF	R$ 131.358,40
FCF	R$ 106.249,36
FPF-PB	R$ 102.000,00
FPF-PE	R$ 89.791,28
FNF	R$ 82.220,48
FSF	R$ 46.933,15
FAF	R$ 38.938,24
FMF	R$ 35.194,20
FFP	R$ 12.380,50