São Paulo - Como explicar o sucesso de público da Copa da Primeira Liga, torneio amistoso e, de certa forma, amador? Nos 17 primeiros jogos, a Copa da Primeira Liga ostenta média de 8.659 pagantes e total de 147.200 fãs, segundo levantamento do Sr. Goool. O torneio regional só está atrás do Campeonato Paulista que apresenta média de 8.737 apaixonados.

O clássico mineiro entre Cruzeiro e Atlético foi o puxador de público com 39.794 espectadores. Outro esquenta do Brasileirão, entre Flamengo e Grêmio, também superou a marca de 20 mil fanáticos (20.224). Mas como levar a sério uma competição em que é desprezada pelos próprios clubes - que utilizam times reservas - e que marca jogos com intervalo inferior a 24 horas?

A torcida do Ceará, por exemplo, preferiu ir ao Castelão acompanhar o duelo contra os reservas do Flamengo a marcar presença no Estadual. Se o maior público do Vozão no Cearense foi de 4.560 pagantes ante o Ferroviário, no amistoso contra os cariocas chegou a 16.206 aficionados. Sim! Ainda tem o fato da torcida do Flamengo ser grande no estado e não queremos comparar o Rubro-negro com o Ferrão. Mas algo está fora do lugar.

Estatuto do Torcedor!
Como explicar que o maior público do Internacional no Gauchão é de 8.964 testemunhas e na Copa da Primeira Liga chega a 12.438 torcedores? No Estadual há rebaixamento e o time, na teoria, precisa mais da torcida, além de ser os titulares em campo. Na Copa da Primeira Liga os jogos são amistosos e o Colorado atua com reservas.

E não é só a comparação entre os nada atrativos Estaduais e os amistosos do Regional. A Primeira Liga desrespeita por completo o Estatuto do Torcedor. É como se o torcedor tivesse dando um salvo-conduto aos responsáveis pelo torneio. A Primeira Liga não só marca jogos com intervalo inferior a 24 horas - o que é um atentado para os jogadores -, como ainda fere o Estatuto do Torcedor e o Regulamento Geral das Competições ao não divulgar a tabela com os locais das partidas e também ao não responder as demandas enviadas ao ouvidor. São faltas graves do Estatuto do Torcedor e RGC.

A Primeira Liga também falta com respeito à imprensa. O Sr. Goool tenta falar com a entidade desde o ano passado e é sumariamente ignorado. Ao desprezar a imprensa, a Primeira Liga desmerece os torcedores. Mas mesmo assim, a torcida continua a ir aos estádios para ver amistosos, times reservas e partidas do seu clube do coração com intervalo de menos de 24 horas.

Nada de gols!
E não pode ser só o atrativo de acompanhar clubes de outros estados. Os gaúchos Internacional e Brasil se enfrentaram sob os olhares de 11.227 pagantes. Tal público é difícil de ver nos Estaduais. Sem falar que a Copa da Primeira Liga não tem público inferior a mil pagantes. Nenhum Estadual ostenta esta façanha.

O sucesso nas arquibancadas, contudo, não é visto dentro de campo. O que enfraquece o argumento de que os torcedores buscam bons jogos. Os confrontos, em um primeiro momento, podem até animar, mas os reservas estão com o pé descalibrado. São apenas 31 gols, sendo 21 dos mandantes e dez dos visitantes. Média ínfima de 1,82 por partida. Esta é a pior marca entre todos os Estaduais, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Copa Verde.

A Copa da Primeira Liga terá uma pausa de seis meses até a disputa do mata-mata. Quem sabe até lá será possível explicar o sucesso de público do torneio amistoso e, de certa forma, amador. O que os torcedores veem na competição que não respeita o Estatuto do Torcedor?